Niterói-RJ: Diretor do C.E. Leopoldo Fróes descumpre acordo e cancela aulas para não haver assembleia
Após a desocupação truculenta do C.E. Leopoldo Fróes (CELF) na sexta-feira, dia 15 de abril, os estudantes e o diretor negociaram que três assembleias, com os alunos dos três turnos da escola, seriam realizadas na segunda-feira, dia 18 de abril, para se debater sobre os problemas da escola e sobre ocupação.
No entanto, quando os estudantes chegaram à escola, se depararam com as aulas canceladas e os alunos estavam sendo dispensados, impedindo que a assembleia ocorresse com todos os estudantes do colégio. As aulas haviam sido canceladas no dia anterior pelo diretor e apenas os professores foram avisados.
Os estudantes que estiveram na movimentação pela ocupação se encontraram no largo da batalha e chegaram juntos na escola. Quando se aproximaram, o diretor mandou trancar a porta de acesso ao edifício e não queria dialogar com os estudantes. Alguns poucos alunos e funcionários estavam dentro da escola e também foram impedidos de sair.
Um estudante do lado de dentro tentava se comunicar com os estudantes do lado de fora por cima de um muro construído durante o final de semana, que vedava um dos portões do prédio. Segundo os alunos, o muro foi construído as pressas para dificultar qualquer movimento de ocupação e, segundo o diretor, o muro teria sido construído nesse fim de semana porque “a verba chegou agora”.
O aluno que estava do lado de dentro informou que quando ele chegou a escola estava aberta, mas estavam sendo informados de que não haveria aula e que os alunos deveriam simplesmente recarregar os seus RioCards e irem embora. Como haveria assembleia naquele dia ele decidiu aguardar dentro da escola a chegada dos demais alunos.
Após algum tempo, o pai deste mesmo aluno chegou à escola preocupado pois, o diretor havia ligado para ele afirmando que seu filho estava agressivo e que seria o líder do movimento de ocupação. Segundo a direção, por ter subido no portão onde onde havia sido construído o muro, para passar informações do que ocorria do lado de dentro para os alunos do lado de fora, ele estaria agressivo.
O diretor informou que as aulas foram canceladas pois a escola estava desorganizada. Segundo ele, quando a ocupação foi deflagrada, a direção guardou material da administração e, por isso, cancelou as aulas. Porém, o turno da noite teve aula normal. Uma aluna disse que o diretor informou que:
“as aulas de hoje foram canceladas e que amanhã a gente teria que vir com os pais e que ia ter uma reunião com os pais” - Aluna do CELF
Os estudantes do CELF se disseram indignados, pois as assembleias nos três turnos, na segunda-feira, era parte do acordo para que houvesse a desocupação na sexta-feira anterior. O diretor informou que trancou a escola por ordem da Secretaria de Educação – SEEDUC.
“Ele deu a palavra dele de que a gente ia chegar aqui e conversar, para decidir o que era melhor para todo mundo. Chegamos e ele não quer abrir.” - Aluna do CELF
A mãe de uma aluna, que esteve presente no momento da desocupação na sexta-feira, confirmou ao diretor que ele havia marcado as três assembleias.
“O senhor chegou e foi o primeiro a dizer: vamos deixar para resolver isso na segunda-feira porque a gente vai se comunicar com os alunos da manhã, da tarde e da noite. Naquele momento o senhor concordou, então eles vieram com a intenção exatamente de conversar.” - Mãe de estudante do CELF
O diretor inicialmente negou que tinha combinado com os alunos sobre as três assembleias, mas depois disse que havia esquecido:
“Ela falou que eu tinha combinado com vocês que segunda-feira nós faríamos a assembleia com vocês e com os pais. Eu não me lembro! […] Eu me lembro de ter combinado com vocês de que a gente faria a assembleia, mas eu não me lembro de ter marcado segunda-feira. […] Se eu fiz, olha! Naquele momento eu já estava … tico e teco já não estavam mais se falando.” - Diretor do CELF
Depois de aproximadamente uma hora, uma mãe de uma aluna conseguiu conversar com o diretor por um outro portão de acesso através do terreno da FAETEC ao lado. Os estudantes também foram ao portão para conversar com o diretor.
A mãe denunciou que houve “comunicação de pessoas da escola com alunos noturnos” dizendo para “que eles viessem à escola para resolver”. Na sexta-feira, durante a tarde, um estudante do turno da noite chegou à escola indignado com a ocupação e testemunhas informaram que viram a orientadora educacional pedindo para que este estudante trouxesse outras pessoas a noite.
Por volta das 19 horas, horário das aulas noturnas da escola, estudantes do turno forçaram a desocupação da escola de forma truculenta. Estudantes e apoiadores disseram que sofreram ameaças, muitos foram embora com medo. Grupos de pessoas que não eram estudantes da escola chegaram em carros para ajudar na desocupação. Os alunos ocupantes não conseguiram dialogar com os estudantes noturnos.
“Pessoas de fora, pessoas que a gente não conhece, além dos alunos da escola a noite, já agressivamente atacando esses alunos. Então quem fez isso, fez uma covardia. Isso é crime! […] Quando eu cheguei aqui já chegaram esses alunos e essas pessoas que não eram alunos. Agredindo, tanto a advogada, quanto os alunos, quanto os professores. E eu vi! Tive que ficar na frente de um dos alunos […] iam pegar ele pelo braço para jogar ele do lado de fora [...]” - Mãe de estudante do CELF.
Veja a matéria e o vídeo sobre este assunto: Niterói-RJ: Estudantes do C.E. Leopoldo Fróes fazem ocupação, mas alunos do turno da noite não aderem e forçam a desocupação
Por volta das 10 horas da manhã o diretor abriu os portões para receber os estudantes que estavam do lado de fora e fez uma reunião para ouvir as reivindicações. No entanto, não foi possível a realização das assembleias pois a maior parte dos alunos já haviam sido dispensados pela direção.
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