Mais um Aumento na Tarifa dos Ônibus em Niterói
A partir deste sábado, dia 13, a passagem municipal de Niterói passa de R$ 3,90 para R$ 4,05. O valor dos ônibus que circulam apenas nos limites niteroenses será igual ao valor dos transportes que ligam o Terminal João Goulart à São Gonçalo, que se locomovem por distâncias maiores.
A população, que já sofre com uma das passagens mais caras do país, não justificada pela distância percorrida, uma vez que a cidade é pequena em termos espaciais, terá agora que somar 30 centavos aos seus gastos diários com o direito de ir e vir. Devemos lembrar também que o governo do estado ainda não disponibilizou o passe livre para os estudantes universitários, que foi conquistado no ano passado.
O prefeito Rodrigo Neves chegou a ser preso recentemente devido ao seu envolvimento em esquemas de propina com empresas de ônibus.
Uma pessoa que precise pegar um ônibus para chegar ao trabalho gastará, diariamente, R$ 8,10. Se somarmos esse gasto de acordo com um regime de 6 dias de trabalho e 1 de folga na semana, chegaríamos a aproximadamente R$ 194, sem contar com despesas envolvendo momentos de lazer. Ou seja, com todas as locomoções mensais, o cidadão gasta mais de 200 reais só em passagem de ônibus.
Uma criança ou adolescente que utilize o transporte público para chegar à escola 5 vezes na semana teria um gasto aproximado de R$ 162 apenas para estudar. Ou seja, um pai ou uma mãe que trabalha e paga a passagem para o filho frequentar as aulas terá um gasto mensal de pelo menos 356 reais apenas para trabalhar e garantir os estudos do filho. Isso contando que seja só um filho.
Como podemos dizer então que o direito de ir e vir é respeitado? Como podemos dizer que o aumento da passagem de ônibus em Niterói não representa um ataque direto ao direito à cidade e à existência da população? A cada vez que a tarifa aumenta, a segregação social se intensifica. Quem tem direito à cultura? Quem pode cruzar a cidade para ir a um museu com os gastos de locomoção aumentando cada vez mais? Quem tem direito à educação? Quem tem direito saúde? Pois para se ter acesso à educação é preciso primeiro chegar na escola. Para ter acesso à saúde é preciso conseguir chegar ao hospital. Ou seja, para quem é o Estado democrático de direito? Para o povo pobre é que não é.
Se é preciso pagar para chegar ao hospital, então não existe saúde gratuita. Se é preciso pagar para chegar à escola, então não existe educação gratuita. Enquanto o transporte público for pago, e seu preço for absurdo para a realidade social de nossa cidade, o povo continuará sem ter acesso aos seus direitos básicos.