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São Paulo-SP: Das desaparições de Ayotzinapa às desaparições no Brasil | De las desapariciones de Ayotzinapa a las desapariciones en Brasil

São Paulo-SP: Das desaparições de Ayotzinapa às desaparições no Brasil | De las desapariciones de Ayotzinapa a las desapariciones en Brasil

Junho 17, 2015 - 00:00
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Os familiares dos 43 estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, México, terminaram nesse sábado uma impressionante trajetória de quase um mês pela Argentina, Uruguai e Brasil.

Los familiares de los 43 estudiantes desaparecidos de Ayotzinapa, México, terminaron este sábado un impresionante recorrido durante casi un mes por Argentina, Uruguay y Brasil.

VERSIÓN ESPAÑOL

Os familiares dos 43 estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, México, terminaram nesse sábado uma impressionante trajetória de quase um mês pela Argentina, Uruguai e Brasil.

Em sua caminhada por este último, finalizada em 13 de junho, abriram as portas e janelas de uma realidade já tão comum e cotidiana no México e que não muda muito em relação ao Brasil. Em ambos os países os Estados cometem assassinatos e desaparições forçadas cujas principais vítimas são jovens, indígenas, negros, a maioria das periferias, gente pobre de ambos os países.

O peso da dor e a raiva que vai marcando o andar dos pais e mães dos 43 estudantes ausentes tem encontrado espelhos, aí onde se encarna a dor e a raiva, onde os olhares que se cruzam compartilham o destino e a resistência para não ver morrer seus filhos e se negar a convertê-los em cifras vermelhas.

As Mães de Maio

Uma das vozes que se levantou ao lado dos pais e mães dos estudantes de Ayotzinapa para exigir sua apresentação imediata é a voz das Mães de Maio. Chamadas assim porque em maio de 2006 cerca de 500 jovens, em sua maioria negros que viviam na periferia das cidades ao redor da capital São Paulo, uma das maiores cidades da América Latina, foram assassinados por grupos de elite da Polícia Militar e por grupos de extermínio - nome dado a assassinos pagos que operam na periferia - em um contexto de desacordo entre a organização criminal Primeiro Comando da Capital (PCC) e policiais corruptos que mantém vínculos com o crime organizado.

De acordo com a publicação de 2011 do Human Rights Program, Harvard Law School, os policiais executaram dezenas de pessoas em ações ilegítimas, além de serem responsáveis por dezenas de desaparições forçadas. Da mesma forma o Informe Anual de Segurança Pública do Brasil (2014), afirma que nesse país pelo menos seis pessoas são assassinadas pela polícia diariamente.

Seguindo os dados de outra investigação publicada pelo jornal The Washington Post em 2015, a polícia brasileira matou mais pessoas entre os anos de 2009 e 2013 que os Estados Unidos durante o período de 1983 a 2012, levando-se em consideração que a polícia estadunidense mata duas pessoas por dia, em sua maioria afroamericanos, segundo revelou a pesquisa.

A organização Mães de Maio surgiu nesse contexto de desespero e raiva e desde então luta exigindo justiça por seus filhos, contra uma onda de assassinatos contra a gente pobre, em sua maioria negros.

“Nós como Mães de Maio que perdemos nossos filhos assassinados pela polícia e pelo exército do Brasil nos solidarizamos com os pais e mães dos 43 estudantes de Ayotzinapa, porque somos nós, os pobres, que sustentam um enfrentamento direto com o terrorismo de Estado, porque não aceitamos mais que isso seja cotidiano”, disse em entrevista Débora Maria da Silva, fundadora das Mães de Maio.

Ela não tem duvida ao afirmar que tanto no México como no Brasil exista uma guerra contra o narcotráfico. O alvo nessas guerras são as pessoas humildes, os da periferia, é uma guerra não declarada e uma política de extermínio que parte do Estado, em toda a América Latina. “Não existe diferença entre o governo do México e o do Brasil. No nosso país - Brasil - decretaram a pena de morte na periferia, é um Estado que extermina mais de 56 mil jovens por ano, nós temos que desmascarar isso na América Latina e dizer basta! É por isso que damos as mãos aos pais e mães, para desmascarar esse Estado terrorista”, afirmou Débora Maria.

 

Cifras cotidianas

A desaparição dos 43 estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos de Ayotzinapa não só trouxe à tona o doloroso tema das fossas comuns e das desaparições forçadas que o Estado Mexicano busca esquecer, com um recorde de mais de 150 mil mortos e mais de 30 mil desaparecidos somente durante o governo de Felipe Calderón e o atual governo de Enrique Peña Nieto. A Caravana 43 encontrou uma realidade parecida em sua passagem pelo Brasil. Segundo o informe de maio de 2015 das Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), cada dia são assassinadas 116 pessoas por arma de fogo no Brasil. A taxa de mortes por disparos de armas foi 21,9 por cada 100 mil habitantes em 2012, com mais de 42 mil vítimas nesse mesmo ano. Cifras que vêm aumentando nos últimos anos.

O informe da Unesco também ressaltou que 59% das vítimas são adolescentes ou jovens entre 15 e 29 anos de idade. Enquanto 73% das vítimas são negras.

“As desaparições forçadas e as mortes são um genocídio institucional dos pobres, tanto dos governos de direita como dos chamados de esquerda. Temos que dizer basta ao terrorismo de Estado, por isso exigimos a apresentação dos 43 estudantes”, sustentou a fundadora das Mães de Maio.

 

Compartilhar a dor

“Compartilhar a dor é necesssário para que os pais desses estudantes e os povos não levem isso sozinhos”, disse uma indígena Guarani de 14 anos da aldeia Tendondé Porã, na zona sul da cidade de São Paulo. Uma aldeia que não só recebeu de braços abertos os familiares dos 43 estudantes, mas também, com a sensibilidade que caracteriza um povo que tem plantado nessas terras sagradas seus filhos, irmãos, pais e avós caídos ao defenderem suas terras ancestrais, contra o desalojamento da colonização, da modernidade e do desenvolvimento.

A força dos Guaranis reside na sua espiritualidade. Crianças, mulheres, homens e anciãos se reuniram na casa de orações para escutar os pais, para senti-los, não por compaixão, mas para compartilhar o peso da sua dor, uma dor que encarnaram, que choraram junto com eles, como se estivessem buscando seus próprios filhos. Rezaram, fumaram o tabaco Cachimba em pipas e cantaram para os dar força, pedindo ao grande Ñanderu - deus dos Guarani - que os acompanhasse em seu caminhar.

“Me alegro muito por terem chegado até aqui na comunidade. Todos os senhores e até o mais jovem compartilhamos sua dor. Temos que buscar força, porque essas terras não pertencem a nós, nem a vocês nem a ninguém, são do grande Ñaderu. Mas os governantes desse país e do México só fazem as coisas para o seu próprio proveito e não tem interesse pelos demais. São eles que maltratam a terra, destroem a terra, a floresta, fazem estradas e abrem mineradoras para obter suas ganâncias para eles mesmos. Assim pedimos ao grande Ñanderu que os dê força, para vocês e seus filhos”, disse o senhor Guarani Karay Miry.

 

Moinho e Ayotzinapa vivem

Com 25 anos de (r)existência, a Favela do Moinho, última no centro da cidade mais rica da América Latina, São Paulo, abriga atualmente cerca de 750 famílias que habitam uma área rodeada por vias de trem, um viaduto e altos edifícios residenciais. Essa comunidade já teve mais de 5 mil pessoas. Todavia, em 2011 e 2012 sofreu dois grandes incêndios provocados que destruíram pelo menos um terço das moradias, deixando mortos e feridos.

Um dos mais representativos aconteceu no edifício Moinho Matarazzo, que deixou quase 2 mil pessoas desabrigadas. Os incêndios nas favelas paulistas são notórios e indicam uma estratégia baseada na destruição e na propagação do medo para obrigar as pessoas a saírem. Para onde? Em muitos casos não se sabe o destino dessas famílias. O governo de São Paulo aproveitou o incêndio de 2012 e colocou a favela atrás de um muro de cimento, desalojando quase metade do território da favela. No ano passado os habitantes tomaram a decisão de derrubar o “muro da vergonha” e agora estão reconstruindo as casas destruídas, ampliando a comunidade novamente. Com muito esforço estão conseguindo blocos de cimento para se proteger de novos incêndios; aspecto que se mostrou importante, já que há três semanas foi provocado o terceiro grande incêndio na favela e por isso mais de 20 famílias perderam suas casas novamente.

A intenção de erradicar a comunidade é resultado da constante busca por lucro, pois esse pedaço de terra é o terceiro bairro, de uma lista de 140, com maior crescimento do índice de valorização dos preços no mercado imobiliário: só de 2008 a 2011 o valor cresceu em 180%. Além da área formar parte do projeto Arco Tietê, um plano avassalador para gentrificar a região central da cidade para qual a favela representa um obstáculo.

Foi nesse contexto que habitantes do Moinho se reuniram com os familiares da Caravana 43 pela América do Sul, para trocar experiências de luta, articular suas resistências e refletir sobre como se constrói uma justiça que vem de baixo. Coletivos autônomos foram ao encontro para escutar a Caravana e compartilhar o trabalho que realizam com pessoas em situação de rua, atividades culturais, meios de comunicação livres, trabalhos comunitários para jovens, entre tantas outras camadas da sociedade paulista.

Na praça comunitária, rodeados pelas cinzas das casas destruídas no recente incêndio e cobertos pela resistência e solidariedade do Moinho, se escutou Francisco, estudante sobrevivente daquela noite de setembro do ano passado. “Os governos tem globalizado a violência, as desaparições, os desalojamentos... Nós temos que globalizar a resistência... Enquanto vocês saem às ruas e gritam Todos Somos Ayotzinapa, nós lá no México faremos o mesmo por vocês, contra tantos crimes de Estado que aqui conhecemos...”

O compromisso foi aceito e fez eco com cada exigência que foi compartilhada entre quem assistia. Os 43 fizeram falta a todxs naquela noite e o comprimisso é infalível. Aytozinapa vive no Brasil. Não há passo atrás.

 

Coletivo Cobertura Caravana 43 Brasil

Agencia Subversiones

AK47 Voice

Centro de Medios Independientes de Guatemala

Centro de Mídia Independente do Rio de Janeiro

Centro de Mídia Independente de São Paulo

 

 

VERSIÓN ESPAÑOL

Los familiares de los 43 estudiantes desaparecidos de Ayotzinapa, México, terminaron este sábado un impresionante recorrido durante casi un mes por Argentina, Uruguay y Brasil.

En su paso por este último país que finalizó el pasado 13 de junio, han abierto las ventanas y las puertas ante una realidad ya tan común y cotidiana en México, y que no cambia mucho en relación con Brasil. En ambos países los Estados cometen asesinatos y desapariciones forzadas cuyas principales víctimas son jóvenes, indígenas, negros, la mayoría de las periferias, gente pobre de ambos países.

El peso del dolor y la rabia que va marcando el andar de los padres y madres de los 43 ausentes ha encontrado espejos, ahí donde se encarna el dolor y la rabia, donde las miradas cruzadas comparten el destino y la resistencia para no ver morir a sus hijos y negarse a convertirlos en cifras rojas.

 

Las Madres de Mayo Una de las voces que se han levantado a lado de los padres y madres de los estudiantes de Ayotzinapa para exigir su presentación inmediata es la voz de las Madres de Mayo. Llamadas así, porque en mayo del año 2006 cerca de 500 jóvenes, en su mayoría negros que vivían en la periferia de las metrópolis de São Paulo, una de las ciudades más grandes de Latinoamérica, fueron asesinados por grupos de élite de la Policía Militar y por grupos de exterminio -nombre dado en Brasil a matones a sueldo que operan en las periferias- en un contexto de desacuerdo entre la organización criminal Primer Comando Capital (PCC) y policías corruptos que mantienen vínculos con el crimen organizado.

De acuerdo con el informe de Human Rights Program, Harvard Law School publicado en 2011, los policías ejecutaron a decenas de personas en acciones ilegítimas, además de ser responsables por decenas de desapariciones forzadas. De la misma forma el Informe anual de Seguridad Pública de Brasil (2014), afirma que en ese país por lo menos seis personas fueron asesinadas por la policía diariamente.

Siguiendo los datos de otra investigación publicada por el periódico The Washington Post, este 2015, la policía brasileña ha matado a más personas entre los años 2009 y 2013 que los Estados Unidos durante el periodo de 1983 al año 2012, considerando que la policía estadounidense mata a dos personas por día, en su mayoría afroamericanos, según reveló la investigación.

La organización Madres de Mayo surgió en ese contexto de desesperación y rabia, y desde entonces luchan exigiendo justicia por sus hijos de una oleada de asesinatos contra gente pobre, en su mayoría afrobrasileños.

“Nosotras como Madres de Mayo que perdimos a nuestros hijos asesinados por la policía y el ejército de Brasil, nos solidarizamos con los padres y madres de los 43 estudiantes de Ayotzinapa, porque somos nosotros, los pobres, quienes sostenemos un enfrentamiento directo con el terrorismo de Estado, porque no aceptamos más que esto sea una cotidianidad”, dijo en entrevista Débora María da Silva, fundadora de Madres de Mayo.

Ella no duda en afirmar que tanto en México como en Brasil no existe una guerra contra el narcotráfico. El blanco en estas guerras son las personas humildes, los de la periferia, es una guerra no declarada y una política de exterminio que viene desde el Estado en toda América Latina. “No existe diferencia entre el gobierno de México y el de Brasil. En nuestro país –Brasil- han decretado la pena de muerte en la periferia, es un Estado que extermina mas de 56 mil jóvenes por año, nosotros tenemos que desenmascarar eso en América Latina y decir ¡basta!, es por eso que damos las manos a los padres y madres para desenmascarar ese Estado terrorista”, afirmó Débora María.

 

Cifras cotidianas

La desaparición de los 43 estudiantes de la escuela Normal Rural Raúl Isidro Burgos de Ayotzinapa no solo destapó el doloroso tema de las fosas comunes y las desapariciones forzadas que el Estado Mexicano procura olvidar, con un récord de más de 150 mil muertos y más de 30 mil desaparecidos solo durante el gobierno Felipe Calderón y en lo que va del gobierno de Enrique Peña Nieto. La Caravana 43 encontró una realidad similar en su paso por Brasil. Según el informe de mayo 2015 de la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO), cada día son asesinadas 116 personas por arma de fuego en Brasil. La tasa de muertes por disparos de armas fue de 21,9 por cada 100 mil habitantes en 2012, con más de 42 mil víctimas en este mismo año. Cifras que han aumentado los últimos años.

El informe de la UNESCO también resaltó que el 59% de las víctimas son adolescentes o jóvenes entre 15 y 29 años de edad. Mientras tanto 73 % de las victimas son afro brasileños.

“Las desapariciones forzadas y las muertes son un genocidio institucional de los pobres, tanto de los gobiernos de derecha como los llamados de izquierda. Tenemos que decir basta al terrorismo de Estado, por eso exigimos la presentación de los 43 estudiantes”, sostuvo la fundadora de Madres de Mayo.

 

Compartir el dolor

“Compartir el dolor es necesario para que los padres de estos estudiantes y los pueblos no carguen solos con esto”, dijo una indígena Guaraní de 14 años de la aldea Tenondé Porã, en el sur de la ciudad de São Paulo. Una aldea que no solo recibió con brazos abiertos a los familiares de los 43 estudiantes, sino con la sensibilidad que caracteriza a un pueblo que ha sembrado en estas tierras sagradas a sus hijos, hermanos, padres y abuelos caídos que han defendido sus tierras ancestrales contra el despojo de la colonización, la modernidad y el desarrollo.

La fortaleza de los Guaraní reside en su espiritualidad. Niños, mujeres, hombres y ancianos se reunieron en la casa de oraciones para escuchar a los padres, para sentirlos, no por compasión, sino para compartir el peso de su dolor, un dolor que encarnaron y que lloraron junto a ellos, como si estuvieran buscando a sus propios hijos. Rezaron, fumaron el tabaco Cachimba en pipas y cantaron para darles fuerza pidiendo al gran Ñanderu –dios de los Guaraní- que los acompañase en su andar.

“Me alegro mucho que hayan llegado hasta aquí a la comunidad. Todos los ancianos y hasta el más joven compartimos su dolor. Tenemos que buscar fuerza, porque estas tierras no nos pertenecen a nosotros, ni a ustedes ni a nadie, son del gran Ñanderu. Pero los gobernantes de este país y de México solo hacen las cosas para su propio provecho y no tienen interés por los demás. Son ellos que maltratan la tierra, destruyen la tierra, el bosque, hacen autopistas, y abren minas para obtener sus ganancias para ellos. Así que pedimos al gran Ñanderu les de fuerzas para ustedes y sus hijos”, dijo el anciano Guaraní Karay Miry.

 

Moinho y Ayotzinapa viven

Con 25 años de (r)existencia, la Favela do Moinho, última en el centro de la ciudad más rica de América Latina, São Paulo, alberga actualmente alrededor de 750 familias que habitan un área rodeada por dos vías de tren, un viaducto y altos edificios residenciales. Alguna vez esta comunidad dio cobijo a más de 5 mil personas. Sin embargo en 2011 y 2012 sufrió dos grandes incendios provocados que borraron por lo menos un tercio de las viviendas, dejando muertos y heridos.

Uno de los mas representativos aconteció en el edificio del Moinho Matarazzo, el cual dejó a casi 2 mil personas desabrigadas. Los incendios en las Favelas paulistas son notorias, e indican una estrategia basada en destrucción y propagación de miedo para obligar las familias a salir. ¿A dónde? En muchos casos no se sabe el destino de aquellas familias. El gobierno de São Paulo aprovechó el incendio de 2012 y encerró la Favela atrás de un muro de cemento, despojándoles de casi la mitad del territorio de la favela. El año pasado los habitantes tomaron la decisión de derrumbar el “muro de la vergüenza”, y ahora están reconstruyendo las casas destruidas, ampliando la comunidad nuevamente. Con mucho esfuerzo están consiguiendo bloques de cemento, para protegerse ante nuevos incendios; aspecto que resultó ser importante, pues hace tres semanas fue provocado el tercer gran incendio en la favela, y con él más de 20 familias perdieron sus casas de nuevo.

La intención de erradicar la comunidad es resultado de la constante búsqueda de lucro, pues ese pedazo de tierra es el tercer barrio, de una lista de 140, con mayor crecimiento en el índice de valorización de los precios en el mercado inmobiliario: sólo de 2008 a 2011 el valor creció en 180%. Además el área forma parte del proyecto Arco Tietê, un plan avasallador para gentrificar la región central de la ciudad para la cual esta favela representa un estorbo.

En ese contexto fue que habitantes de Moinho se reunieron con los familiares de la Caravana 43 Sudamérica para intercambiar experiencias de lucha, articular sus resistencias y reflexionar cómo se construye una justicia desde abajo. Colectivos autónomos se dieron cita para escuchar a la Caravana 43 y compartir el trabajo que realizan con personas de calle, actividades culturales, medios libres, labores comunitarias para jóvenes, entre tantas otras aristas de la sociedad paulista.

En la plaza comunitaria, rodeados por las cenizas de las casas destruidas en el reciente incendio y cobijados por la solidaridad y la resistencia de Mohino, se escuchó el llamado de Francisco, estudiante sobreviviente de aquella noche de septiembre del año pasado. “Los gobiernos han globalizado la violencia, las desapariciones, los despojos... Nosotros tenemos que globalizar la resistencia... Mientras ustedes salen a las calles y gritan Todos somos Ayotzinapa, nosotros allá en México haremos lo mismo por ustedes contra tanto crimen de Estado que aquí conocimos...”

El compromiso fue aceptado e hizo eco con cada exigencia que entre lxs asistentes compartieron. Los 43 nos hicieron falta a todxs aquella noche, y el compromiso es infalible. Ayotzinapa vive en Brasil. No hay marcha atrás.

 

Coletivo Cobertura Caravana 43 Brasil

Agencia Subversiones

AK47 Voice

Centro de Medios Independientes de Guatemala

Centro de Mídia Independente do Rio de Janeiro

Centro de Mídia Independente de São Paulo

 

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