PMERJ-13: A Pandemia Veste Farda
Na última semana, ao menos 13 pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro em zonas periféricas da cidade. Doze pessoas no complexo do Alemão, em uma sangrenta operação no dia 15, e uma criança de 14 anos no Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 19. Ou seja, em um intervalo de 4 dias, 13 mortes. O que isso significa?
A Polícia Militar sempre foi violenta. Sempre assassinou a população pobre. Sempre torturou, estuprou e cometeu atrocidades nas áreas periféricas por todo o país. Não é algo que surgiu com o governo Bolsonaro… na verdade a política de militarização das favelas nasceu no governo Lula, ainda com as UPP’s implementadas no Rio de Janeiro. As forças policiais apenas encontram em Bolsonaro e em Witzel figuras de autoridade capazes de dar aval para as brutalidades cometidas por seus agentes.
E em uma conjuntura em que esperamos o fortalecimento de iniciativas de solidariedade e de apoio mútuo, onde muitas pessoas estão passando dificuldades sem poder trabalhar, a ação do Estado vai não no sentido de auxiliar a população em situação de vulnerabilidade, mas de assassiná-la a sangue frio. O Estado faz uma escolha clara ao negar auxílios de verdade, e não a miséria dos 600 reais, investir nos bancos e na continuidade do Estado policial. Essa escolha é a seguinte: economia acima de tudo, polícia acima de todos.
É preciso, mais do que nunca, que se dê um fim às operações policiais. As pessoas precisam ter condições materiais para respeitar o isolamento garantidas pelo governo. Essas condições incluem auxílio financeiro, suspensão de contas e segurança. Segurança no sentido de não precisarem se preocupar se um policial irá invadir sua residência hoje ou amanhã.
O que aconteceu com João Pedro, de 14 anos, não foi um caso isolado. Esta é a prática padrão da Polícia Militar do Rio de Janeiro nas comunidades, e é por isso que ela deve acabar. O projeto de genocídio atualmente atua em duas frentes: flexibilização do isolamento social, protagonizado pelos pronunciamentos e decretos do governo federal, e genocídio policial, com as operações coordenadas pelo governo do estado.
Ontem, além de João Pedro, outras 1.127 pessoas morreram no dia de ontem por complicações decorrentes da Covid-19. Em um contexto como esse, é absurdo que autoridades venham a público defender a flexibilização do isolamento social.
De um lado corpos expostos pelo chão da comunidade enquanto familiares se desesperam, crianças assassinadas cruelmente e sem razão, famílias destruídas pela violência policial. Do outro, milhares de mortes nos hospitais diariamente. O Estado nos mata de diversas formas, e é por isso que precisamos nos manter vivos e enfrentá-lo.
Pelo fim da Polícia Militar, por auxílios financeiros e suspensão de contas para a população, pelo investimento emergencial na saúde pública e pela continuidade do isolamento social. Ao nos negar o básico, o governo escolhe um lado, e não é o nosso.
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