Rio de Janeiro-RJ: Cerco e repressão durante a final da Copa do Mundo | Represión durante manifestación el último día de la Copa
Neste domingo, 13 de julho, dia da final e encerramento da Copa do Mundo, cerca de mil manifestantes se reuniram na Praça Saens Peña em ato contra as irregularidades da Copa e contra a militarização das favelas. Pelo menos dois eventos foram puxados pela internet e marcados para o mesmo horário, às 13h: o Ato “Fifa Go Home! Não vai ter final! e o Ato “A festa nos estádios não vale as lagrimas nas favelas - Um ano da tortura e desaparecimento do pedreiro Amarildo”.
Para la versión española: CMI Guatemala.
Durante a concentração, xs ativistas fizeram exposições de fotos que mostravam o excesso de violência policial e a realidade das favelas ocupadas pelas UPPs. Apresentações artísticas também foram realizadas, como peças teatrais de rua, mostrando o dia a dia da população que depende do transporte público na cidade, Raps que mostravam a realidade da violência nas favelas e a opressão do estado, além de outros que utilizavam fantasias com teor crítico.
A praça estava cercada por milhares de policiais, dentre eles o Choque, a Cavalaria e a Força Nacional. O efetivo foi o maior já realizado durante a Copa, e o objetivo era impedir que qualquer manifestação, que mostrasse as irregularidades da Copa e do governo, conseguisse chegar ao Maracanã.
Por volta das 14:30 xs manifestantes tentaram seguir em passeata, no entanto se depararam com uma intensa barreira policial na Rua Conde de Bonfim. Toda a praça estava cercada e ninguém podia sair do perímetro demarcado pela polícia.
Havia bloqueios nos dois lados: próximo à Rua das Flores e próximo à Pinto de Figueiredo. Além dessas ruas, o acesso à Rua General Rocca também estava impedido por ambos os lados, assim como a Carlos de Vasconcelos e a Soares da Costa.
A polícia iniciou, ainda, uma ação repressiva com tiros de bala de borracha, bombas de gás e de efeito moral, além de muitas agressões e espancamentos sobre os manifestantes que reclamavam por estarem sendo impedidos de se locomover ou tentavam encontram uma saída. A intenção era instaurar uma verdadeira onda de terror, uma vez que xs manifestantes se viram encarcerados e sendo alvos de violência gratuita, sem chance de defesa.
Moradores desta região também estavam impedidos de sair. Quando tentavam conversar com os policiais, eles informavam que o Coronel responsável estava do lado contrário do cerco. Chegando ao outro lado, os policiais riam dxs moradores e diziam que o responsável estava em outro ponto distante.
Manifestantes, jornalistas, advogados e moradores ficaram detidos em cárcere privado até o fim do jogo da final da FIFA, enquanto a polícia continuava reprimindo xs manifestantes impedidos de sair. Agressões foram distribuídas e muitas pessoas ficaram feridas mesmo não havendo nenhuma ação dos ativistas que justificasse o uso da força.
No início da onda de violência policial, alguns manifestantes tentaram se refugiar dentro da estação de metrô Saens Peña. A polícia então, mandou fechar os portões e distribuiu atos de violência em quem estava dentro, incluindo pessoas que estavam chegando à estação, espalhando terror e fazendo-as retornarem para os trens. Um desses passageiros tentou filmar e por isso foi perseguido por policiais até de volta à plataforma.
Em dado momento, a polícia parecia ter a intenção de liberar a saída para as pessoas por uma passagem policial, algumas pessoas passaram sob condição de serem revistadas, outras passaram normalmente, no entanto, em momento, um outro grupo de policiais fez um verdadeira perseguição aos manifestantes, distribuindo agressões e os obrigando a retornar ao cerco policial.
Muitas pessoas ficaram bastante feridas: um manifestante teve dente quebrado por policiais que o espancaram. Um jornalista Canadense foi espancado por um grupo de policiais, inclusive com chutes na cabeça, além disso, teve uma de suas câmeras roubada por um policial e a outra quebrada. Um jornalista de mídia independente teve seu braço quebrado por espancamento e outro, também jornalista, foi espancado por oito policiais. Pelo menos duas pessoas foram espancadas e mais um senhor passou mal devido ao gás e violência, dentro da estação do metro. Além desses casos mais expressivos, muitas pessoas receberam agressões por chutes, socos e cassetetes, além das bombas e tiros de borracha.
Confira mais detalhes e a lista de pessoas agredidas no site Mortos e Feridos nos Protestos.
Quando do término do jogo no Maracanã, a polícia abriu o cerco e liberou a passagem das pessoas. Um grupo de manifestantes foi para Copacabana protestar em frente ao Copacabana Palace, onde estão hospedados dirigentes da Fifa e outras pessoas envolvidas no Mundial. A manifestação também foi reprimida pelo Choque e mais um jornalista foi espancado.
No total foram sete pessoas detidas na Praça Saens Peña e duas em Copacabana. Após algumas horas todos foram liberados. Algumas das pessoas feridas tiveram que ser hospitalizadas.
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